11 abril, 2006

Aniversários e Funerais

Sempre achei estranho e macabro o ritual cultural de "dar os sentimentos"... para mim é um ritual idêntico ao "dar os parabéns"... porque razão é necessário a pessoa chegar ao pé dos familiares do falecido e dizer "sinto muito"? O facto de comparecer não demonstra já algum afecto (bom ou mau) com a família e o falecido? Para mim, este ritual é idêntico a um aniversário pelas seguintes razões: Para um aniversário temos o cuidado de vestir melhor, no funeral temos o cuidado de vestir discreto; num aniversário a família junta-se por causa de uma pessoa, assim como num funeral; num aniversário fala-se de tudo menos do aniversariante, assim como num funeral; num aniversário dá-se os parabéns, num funeral dá-se os sentimentos; num aniversário as pessoas a quem damos parabéns (aniversariante, pais e as vezes avós) agradecem, num funeral as pessoas a quem damos os sentimentos também agradecem... De momento não me lembro de mais pontos de convergência relevantes... mas esta parte do "dar os sentimentos" faz-me imensa confusão... porque é que agradecem "os sentimentos"? Não se deveria apenas agradecer as coisas boas? O "dar os sentimentos" não é uma forma de sadomasoquismo de quem dá e quem recebe os sentimentos? Haverá alguma maneira de me escapar a um dia ter se sentir isso na pele? Haverá alguma forma de deixar em testamento que não quero que no meu funeral se troquem "sentimentos"? Assim como Mário de Sá Carneiro, isto é o que eu quero no meu "fim"...

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E se no mesmo momento celebramos um nascimento e carpimos uma morte?

17 abril, 2006 15:22  
Blogger Busy said...

isso é... um grande erro...

19 abril, 2006 19:13  
Anonymous Anónimo said...

Do destino?

19 abril, 2006 22:36  

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